Amianto no Brasil
O Brasil é um dos maiores produtores, consumidores e exportadores de amianto do mundo, que é utilizado em quase 3.000 produtos industriais, entre eles: telhas, caixas d'água, pastilhas e lonas para freios etc.
Por conta de suas propriedades e baixo custo de produção, é empregado intensivamente no Brasil, sendo, aproximadamente, mais de 90% do seu uso na indústria de cimento-amianto ou fibrocimento (telhas, caixas d'água etc.), menos de 5% em materiais de fricção (autopeças), cujo uso está em declínio - setor que investiu nos produtos de substituição por exigência do mercado internacional e das multinacionais montadoras para veículos novos e em pequeníssimas quantidades em outras atividades, sendo nas indústrias têxteis em torno de 3% e nas químicas/plásticas menos de 2%.
No Brasil, a quase totalidade do amianto comercializado é do tipo crisotila ou amianto branco, mas diversos produtos contaminados com anfibólios, proibidos por lei (Anexo 12 da NR-15 e Lei 9055/95), têm sido empregados, entre eles o talco industrial, pedra sabão e a vermiculita. Têm sido identificados nos talcos industriais brasileiros, principalmente a tremolita, antofilita e actinolita, embora estejam proibidos por lei, como já mencionado.
O Brasil está entre os cinco maiores utilizadores e fornecedores de amianto do mundo, com uma produção média de 250.000 toneladas/ano, tendência esta que vem caindo ano a ano e ultimamente por força das campanhas anti-amianto. Esta redução no mercado interno tem feito com que o excedente (65%) esteja sendo exportado para países da Ásia, principalmente, e América Latina.
O Canadá com uma produção em declínio exporta quase a totalidade de sua produção para os países de terceiro mundo e é o mais agressivo incentivador desta prática injusta ambientalmente, condenando populações de maior vulnerabilidade a riscos não mais aceitos em seu país.
Enquanto nos países de capitalismo avançado, em especial os da União Européia, adotou-se o banimento do amianto/asbesto e onde se debatem as maneiras de realizar a descontaminação dos sítios onde o mesmo foi empregado sob todas as formas (jateado ou não, do tipo azul, branco ou marrom), a disposição final e segura dos rejeitos e o acompanhamento médico dos expostos e indenização das vítimas, no Brasil persiste o eterno imobilismo das instituições governamentais e do movimento sindical corporativista que gastam energia e tempo debatendo como usar este cancerígeno com segurança. Que segurança é esta tão propalada, nos perguntamos?
O lobby goiano ou a chamada bancada de crisotila, capitaneada por grupos de cariz conservador e ruralistas, alega que o amianto brasileiro é do tipo crisotila (branco) puro, que aqui nunca se utilizou o jateamento do mesmo ou a flocagem, como preferem os franceses, e que o problema do amianto é meramente ocupacional, isto é só traz perigo para os trabalhadores expostos, como se isto fosse pouco e como se fosse lícito matar trabalhador em nome de um pretenso progresso.
Diante disto, continuar na linha do uso controlado do amianto é caminhar na contra-mão da história, pois é uma abstração com objetivos ideológicos que não tem tradução precisa na realidade concreta; fato este confirmado até pelo tribunal conservador composto apenas de técnicos especialistas em comércio na OMC. É neste sentido que defendemos o banimento imediato do amianto e a reconversão produtiva das plantas industriais com manutenção dos níveis atuais de emprego.
É bom lembrar para os defensores da fibra assassina, que já foi outrora considerada a seda mineral ou mineral mágico, que quem gerou desemprego foi a indústria do amianto em sua reestruturação produtiva e com fins meramente mercadológicos e não o movimento pelo seu banimento, que não pode ser acusado de estar eliminando, com sua ação, postos de trabalho.